Lago Titicaca e Copacabana na Bolívia
21 de fevereiro de 2022 • Bolívia, Destinos • POR Daniela MarinCopacabana na Bolívia é uma pequena cidade localizada a aproximadamente 155 quilômetros da capital do país, La Paz. É lá que fica o famoso Lago Titicaca e diversas atrações de valor histórico e religioso. O local tem muita influência Inca.
Talvez muitos não saibam, mas foi na Bolívia que o nome “Copacabana” surgiu…na língua “quéchua”, significa “lugar luminoso”. Tem também a versão da língua aimará que significa “vista do lago”…as duas versões fazem sentido pois os dois povos habitaram e habitam a região.
A relação com o bairro carioca é que a virgem de Copacabana, que se manifestou na cidade boliviana, ficou muito famosa na América do Sul, até que uma réplica da imagem dela foi trazida para o RJ, dando o nome para o bairro.
Copacabana fica às margens do Lago Titicaca que, de tão grande, parece até um oceano. É o lago navegável mais alto do mundo e o segundo maior da América do Sul em extensão, estando a aproximadamente 3800 metros acima do nível do mar.
Muitas pessoas visitam a cidade na travessia para o Peru, pois ela fica bem na fronteira, sendo o lago território dos dois países. Nós estávamos num mochilão pela Bolívia (post Bolívia) e não fizemos essa travessia…a ideia era explorar bem esse país andino que é um dos meus favoritos.
Chegando em Copacabana na Bolívia
Se você estiver na Bolívia e quiser ir de forma independente, a melhor maneira é saindo de La Paz via ônibus. Existem diversas empresas que fazem esse trajeto (Trans Omar e Transcopacabana, por exemplo).
Há também tours privados que fazem esse trajeto. Como já estávamos em La Paz, pegamos um ónibus de linha mesmo, tanto na ida quanto na volta e escolhemos a companhia que tinha o horário que mais se encaixava nos nossos planos. Vale a pena verificar antes de ir pois os horários podem variar.
A viagem demora quase 4 horas por vias ora de asfalto ora de terra e que passam por diversas comunidades. A paisagem é interessante, inclusive já se vê uma parte do lago, e a curiosidade fica por conta da travessia em balsa no Porto de Tiquina, onde tivemos que descer do ônibus, atravessar de barco e aguardar na outra margem pelo ônibus que vinha num transporte próprio…rsrs
Caso venha do Peru, verificar as opções disponíveis na cidade de Puno, cidade sede do Lago Titicaca nesse país.
Quando ir
Fomos em abril, considerada a época seca, e as temperaturas estavam baixas…bem baixas. Estávamos preparados até porque uma das características da Bolívia é a altitude elevada, que deixa o ar rarefeito e o clima mais frio mesmo. Fora o vento que vem do lago.
De qualquer forma, a temporada mais chuvosa vai de novembro a março. Não pegamos chuva em momento algum, mas como já falei, o frio estava bem presente, inclusive com nevasca no Salar do Uyuni (post Salar).
O que fazer em Copacabana
Como já disse, a cidade é pequena, cerca de 15 mil habitantes e circular por ela é bem fácil…tudo bem pertinho.
Nós saímos de La Paz bem cedo e chegamos quase na hora do almoço. O centro da cidade fica perto das margens do Lago Titicaca e escolhemos um dos muitos restaurantes para comer antes do check in no Hostel.
As ruas são de terra, as construções típicas e o povo bem receptivo. Quando fomos, o turismo já estava bem consolidado, com diversos bares, hotéis e lojas de câmbio/tours.
Depois de comer bem (na Bolívia foi onde comemos muito bem), deixamos as mochilas no hostel que nos recebeu com chá de coca e saímos para conhecer a cidade.
As atrações são a Plaza 2 de Febrero com a Basílica de Copacabana, a Avenida 6 de Agosto que é a mais turística da cidade, juntamente com a Orla do Lago Titicaca, repleto de bares e cafés para assistir ao espetáculo do pôr do sol.
Próximo do centro fica o Cerro El Calvário, a 4 mil metros de altitude e que tem uma belíssima vista de toda a orla da cidade. A subida não é pesada, mas lembre-se do famoso “mal da altitude” ou “soroche”…suba devagar, apreciando a vista e os mirantes pelo caminho, evitando ficar sem ar.
A vista recompensa e no topo existem umas imagens religiosas, ponto chamado Estação das Cruzes, já que o morro faz parte da romaria da cidade nas celebrações da Virgem de Copacabana. O pôr do sol por lá também é incrível. Se puder, assista lá um dia e na orla no dia seguinte.
Isla del Sol
No segundo dia, tiramos para conhecer o principal atrativo da cidade, a Isla del Sol, acessível por meio de barco em uma viagem aproximadamente de 1 hora e meia. Os barcos partem do píer de Copacabana pela manhã e pela tarde.
A ilha foi um santuário dedicado ao Deus Sol durante o Império Inca e ainda possui diversas ruínas da época, além de museus que podem ser visitados. Na chegada na Ilha, há cobrança de uma taxa local de visita, além de guias querendo vender seus serviços.
Pegamos o barco em Copacabana pela manhã e descemos na parte norte da Ilha. Atualmente essa parte da Ilha está fechada para turistas devido a conflitos entre os povos que a habitam. De fato não sabemos quais as restrições, mas de qualquer forma, vou contar o que visitamos.
Não pegamos um guia…fomos ao Museu do Ouro e seguimos pelo caminho, encontrando outras ruínas como a Pedra Sagrada, o Templo del Inca, as ruínas do Templo de Chicana e a Mesa de rituais.
Trilha na altitude
Não foi difícil se locomover por lá…os diversos grupos acabam mostrando o caminho…além do que, a nossa ideia era fazer a trilha até o lado sul, atravessando toda a ilha numa caminhada de 9 quilômetros para pegar o barco de volta para Copacabana, que saía às 16h.
Havia a possibilidade de fazer esse trajeto de barco, mas já sabem, né? Eu queria fazer essa trilha…a Dani não ficou muito satisfeita…mas como sempre, acaba fazendo e me agradecendo no final…rsrs Afinal, a paisagem no caminho é ESPETACULAR!
Recomendo a trilha se você tiver disposição…são 9 quilômetros a 4 mil metros de altitude quase…mas o visual do lago, as paisagens que passamos, além de outras ruínas, realmente compensa.
Na parte sul estavam a maioria dos restaurantes e hospedagens para quem quer pernoitar na ilha…não foi dessa vez, mas teria sido uma experiência incrível também. Recomendo fortemente se você tiver tempo.
Não fizemos a trilha com pressa, apesar de termos horário…a Dani sentiu um pouco a altitude (quase morreu), paramos para fotos, contemplação e lanche e conseguimos chegar a tempo para pegar o barco. Mas lembre-se…é bem diferente caminhar aqui no Brasil do que acima de 3000 metros de altitude!!
Na chegada em Copacabana, aproveitamos para escolher um dos cafés da orla e aproveitar o pôr do sol, celebrando o baita dia que tivemos, finalizado com mais um espetáculo.
Horca del Inca
No nosso terceiro dia em Copacabana na Bolívia, aproveitamos pra ir até a rodoviária da cidade e comprar a passagem de volta para La Paz. Preferimos antecipar para não correr o risco de não haver mais passagens, fora que a rodoviária é bem no centrinho.
Depois de comprar as passagens para o período da tarde, fomos conhecer outro ponto muito procurado na cidade, a Pachataka.
Pachataka é um sítio arqueológico localizado no Cerro Kesanani, no sul da cidade. Foi uma caminhada boa, principalmente a subida, mas o visual era incrível. O local foi um observatório pré-inca formado por pedras paralelas utilizadas para determinar as estações, movimentos lunares e prever eclipses. Também é chamado de “Horca del Inca”, nome dado pelos espanhóis.
De fato, a energia desses locais é muito boa. São lugares calmos, de contemplação e que vale a pena fazer sem pressa. Pra encontrar as pedras pode ser um pouco difícil…rsrs
Após o almoço na cidade, que diga-se de passagem, foi uma bela truta à moda boliviana e antes do “busão” de volta, ficamos as margens do Lago Titicaca, apreciando a vista, vendo o movimento e fotografando, claro.
A volta do mesmo jeito…quase 4 horas, parada pra travessia de barco e aguardar o ônibus. Aproveitamos para comer na pracinha próxima do Porto de Tiquina. Em La Paz, descemos na rodoviária mesmo e seguimos para nosso Hotel, pois já era de noite.
Cada etapa dessa viagem até a Bolívia contou com cansaço, longos deslocamentos mas com uma sensação final de alegria plena por conhecer lugares únicos no mundo.
Outros passeios em Copacabana na Bolívia
No nosso caso, ficamos quase 3 dias inteiros na cidade. Achamos que foi o suficiente para conhecer o principal, sem pressa! Acabamos não entrando no Museu del Poncho, mais pelo fato de não querer mesmo…mas deixo aqui a opção pra vocês.
Existe também a Isla de la Luna, bem menor que a principal Isla del Sol, mas também turística e com atrativos para visitar. Acabamos não indo nela… não é recomendado visitar as duas no mesmo dia, pois seria extremamente corrido.
Caso você tenha mais tempo por lá, com certeza não deixe de conhecer.
Outro destino próximo a Copacabana é o vilarejo de Yampupata, 17 quilômetros ao norte da cidade. Dizem que o caminho é espetacular…imagino que deva ser mesmo. Algumas pessoas vão até o vilarejo a pé e regressam de transporte público para Copacabana.
Copacabana, assim como a Bolívia como um todo, é um destino repleto de mochileiros. Pessoas interessadas na cultura, que não dispensam uma caminhada e que não ligam para alguns perrengues que apareçam. Nos sentimos muito bem conhecendo o país com a mochila nas costas e se virando em cada situação.
Um país incrível, um dos mais diferentes que já visitamos, rico em cultura, rico em simpatia, apesar de todas as dificuldades que possam passar. Se você de fato gosta disso tudo, é um destino que não pode deixar de conhecer!
Gostou do nosso roteiro em Copacabana na Bolívia?
Esse texto foi escrito por Samuel Cavalcanti, meu marido, fotógrafo e editor do Blog Prefiro Mochilar.
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