Galápagos – Conheça esse Arquipélago no Pacífico
23 de junho de 2024 • Destinos, Equador • POR Daniela MarinSe tinha um lugar que parecia muito distante nos meus planos conhecer, era Galápagos.
Sempre foi um sonho, e, sempre que pesquisávamos, acabávamos desistindo…os preços das passagens eram muito elevados, além do que, por estar na linha do Equador, a possibilidade de chuvas é relativamente grande. O que eu não queria por lá era pegar chuva!
Sobre Galápagos
Esse Arquipélago localizado no Oceano Pacífico é formado por 13 ilhas principais de origem vulcânica e pertence ao Equador, estando aproximadamente 1000 quilômetros do continente.
Apenas 4 das 13 ilhas são habitadas e, por ser território equatoriano, sua moeda corrente é o dólar americano mesmo e a língua oficial é o espanhol.
É muito conhecido por ter sido rota do HMS Beagle em 1831, navio de origem britânica que carregava ninguém menos que Charles Darwin, biólogo, naturalista e pesquisador que aproveitou a viagem, e principalmente sua passagem por Galápagos, para avançar em seus estudos de espécies, até a criação da Teoria da Seleção Natural.
Não saberia dizer se Galápagos mudou a vida de Darwin ou se Darwin mudou a história de Galápagos! Só sei que o legado deixado por esse encontro foi incrível para os dois lados!
Vida selvagem e Proteção Ambiental
Uma das características mais importantes de Galápagos é a possibilidade de estar em contato com uma natureza extremamente protegida e exuberante, sendo o lar de espécies únicas no mundo, com uma biodiversidade fora do comum.
Realmente a quantidade de espécies que habitam as ilhas é de espantar. Muitas delas são endêmicas, como as famosas tartarugas-gigantes, a iguana-marinha e o leão-marinho-das-galápagos.
Tudo isso em um ambiente realmente preservado, onde não se vê grandes empreendimentos imobiliários ou hoteleiros, onde os espaços tomados pelos animais são respeitados, sejam eles as praias, que são belíssimas, as florestas ou mesmo os píers! haha
Os controles para evitar a introdução de alimento ou animais vindos de fora é rígido, inclusive nos deslocamentos entre as ilhas. É verdade que muitas taxas são cobradas, mas o resultado é perceptível por onde se anda.
Como chegar em Galápagos
Não há opção…pra chegar em Galápagos você tem que voar de Guayaquil para uma das duas ilhas com Aeroporto…Santa Cruz ou San Cristóbal. Não há voos diretos…apenas de Guayaquil. Você até pode voar de Quito, se preferir conhecer a capital na mesma viagem (eu recomendo!), porém terá uma escala em Quayaquil.
E pra chegar até Guayaquil, há voos partindo do Brasil, sendo as principais opções, Avianca e Latam com escalas em Bogotá e Lima/Santiago, respectivamente.
Geralmente entre as ilhas os deslocamentos são feitos em barco, ou “ferry” como eles chamam, mas as linhas e horários são limitados e recomendamos fortemente reservar com antecedência, caso seu tempo por lá seja relativamente curto! Caso contrário, pode correr o risco de não ter mais vaga.
Quando ir
Isso vai depender um pouco de quais são seus objetivos por lá!
Muita gente usa as ilhas como balneário, e nesses casos, a melhor época em termos de altas temperaturas é entre dezembro e maio…porém, as chuvas são praticamente diárias!
Já se você busca ver a vida selvagem que existe por lá, a melhor época é entre junho e novembro. As temperaturas são medianas, ficando em torno de 25oC…porém as águas que se tornam bem geladas! Mas, é o período que os animais estão na ilha, seja para reprodução, seja atrás da abundância de alimento oferecido em Galápagos!
Era o nosso objetivo ver os animais, claro! Fomos em junho, considerado ainda uma transição. Havia muitos animais de fato, um espetáculo! E pegamos dias de sol todos os dias!
Onde se hospedar em Galápagos
Como falei, são 4 ilhas habitadas no arquipélago. Dessas, 3 despontam como locais para se hospedar, sendo elas Santa Cruz, Isabela e San Cristóbal!
Nós ficamos nas 3 e não nos arrependemos. Recomendamos se hospedar nelas, pois cada uma das ilhas tem suas peculiaridades, suas diferenças, animais que se vê com mais facilidade!
Nesse caso, o ideal seria ficar pelo menos 3 dias em cada ilha!
Não são muitas opções de hospedagem em cada uma delas, sendo que as vilas (ou cidades) são pequenas e é tudo muito pertinho, fácil de se deslocar por suas ruazinhas!
Uma informação que considero relevante é que boa parte das hospedagens são de moradores locais, da comunidade! Essa é outra característica de Galápagos…a mão de obra e moradores devem ser de lá, ou pelo menos equatorianos! Os empreendimentos devem ser de nativos ou pessoas casadas com nativos do país!
Isla Santa Cruz
Nosso ponto de chegada em Galápagos foi a Ilha de Santa Cruz. Na verdade, o aeroporto de Santa Cruz fica numa ilha vizinha, Baltra, mas como ela só tem o aeroporto de mesmo nome em sua área, após todos os trâmites de pagamento das taxas e fiscalização das bagagens, iniciamos os deslocamentos até Puerto Ayora, capital de Santa Cruz.
Esse transporte todo inclui um ônibus do aeroporto até o porto, barco até Santa Cruz e táxi compartilhado até a cidade, o que leva aproximadamente uma hora e meia.
O ônibus custou US$ 5,00, o barco US$ 1,00 e o táxi compartilhado US$ 6,25, preços por pessoa. O táxi na verdade custa US$ 25,00, mas dividimos com um casal de irlandeses que conhecemos no barco mesmo!
Tivemos o período da tarde pra conhecer Puerto Ayora e todo seu malecón, repleto de piers, restaurantes, cafés e lojinhas!
O mais importante, claro, foi já ter um contato com toda a vida selvagem que fica na região de todo malecón!
São leões-marinhos dormindo ou tomando sol nos bancos, pelicanos-marrons voando e pousando por toda região, iguanas-marinhas, aratus-vermelhos…são muitos e impressiona ver como a convivência acaba sendo harmônica!
Vimos muitos fiscais pelos decks e na costeira, para evitar as pessoas mais invasivas!! O ideal é manter uma distância aproximada de 2 metros dos animais e nunca tocá-los!
A cidade de Puerto Ayora tem aproximadamente 18000 habitantes, sendo a mais populosa do arquipélago. A infraestrutura turística se concentra em 3 ruas principais e dá pra considerar que tem bastante opção, seja de restaurantes ou pousadas.
Tortuga Bay
Uma das principais atrações de Santa Cruz é a Tortuga Bay, uma praia muito bonita e grande onde é possível observar diversos animais e fazer “snorkeling”.
A praia fica dentro do Parque Nacional de Galápagos e pra chegar precisa fazer uma caminhada de aproximadamente 2,5 quilômetros, calçada com pedras. É possível também ir de barco saindo do porto de Puerto Ayora.
Pra quem gosta de aves, esse caminho é repleto, dentre elas os fringilídeos de Darwin, espécie descoberta pelo britânico e por isso, leva seu nome!
Tortuga Bay é dividida em Playa Brava, onde na água só é permitido entrada para surfistas, e Playa Mansa, uma piscina, onde é possível mergulhar com tartarugas, peixes e raias…se der sorte pode ver inclusive tubarões.
Estação Charles Darwin
Outra atração muito importante de Santa Cruz, pertinho do centro de Puerto Ayora, é a Estação Científica Charles Darwin, uma espécie de Centro de Visitantes misturada com sede para os pesquisadores de Galápagos.
A Estação fica dentro da área da Fundação Charles Darwin, primeira e maior instituição de pesquisa das ilhas, que ainda conta com um Centro de Criação de Tartarugas Gigantes, importante local que visa a preservação delas, que só existem em Galápagos.
Existem lá quase todas as subespécies das tartarugas e fazem o ciclo de vida desde os ovos até a fase adulta, quando podem sair livres para o meio.
Ainda dentro da Fundação, existem duas praias pequenas e lindas, chamadas Ratonera e La Estación, abertas à visitação para todos, onde alguns leões-marinhos tomam seu solzinho. Muitas pessoas aproveitam para mergulhar e fazer snorkeling também!
Pela noite, as 3 ruas principais ficam cheias. São bares, pubs e restaurantes abertos, além de uma feirinha de artesanato. Um dos pratos que eles recomendam é o peixe “el brujo”, que eles deixam expostos na rua para atrair os turistas.
Em Santa Cruz, ficamos por 2 dias e decidimos fazer tudo por conta, caminhando mesmo e pra não ficar todos os dias “presos” em tours de barco. Mas existem opções de tours guiados para outros pontos, que são: Isla Bartolomé, Isla Seymour Norte e Isla Pinzón.
Isla Isabela
A única opção para chegar a Isabela é de ferry, que parte apenas de Santa Cruz bem cedo. A viagem dura umas 2 horas e chega às 9 da manhã em Puerto Villamil.
Achamos Isabela a ilha mais rústica, linda demais e com uma vida selvagem impressionante! Suas ruas são na grande maioria de terra e o centrinho gira em torno da praça principal da vila.
A praia da vila é incrível, com uma extensa faixa de areia e um mar de tom azul claro, lindo demais! Nos decks e mirantes é possível avistar muitas aves, como o pelicano. São aproximadamente 2,5 quilômetros de extensão, e, saindo da região “urbana”, o número de animais aumenta demais. São pelicanos, atobás-de-pés-azuis e iguanas-marinhas.
Caminhamos por toda praia principal pela manhã, aproveitando que é vazia de gente e cheio de animais! Melhor oportunidade para fotografar todos que cruzamos!
Após o almoço desse dia, voltamos para a região do porto, que em Isabela é mais distante do centrinho da vila, para chegar até a Concha de Perla, um dos melhores points para mergulho da ilha!
A visibilidade é incrível e é possível nadar com tartarugas, raias e peixes. Se der sorte, até com leões-marinhos. Eu consegui ver apenas tartarugas-marinhas e muitos peixes. A água é realmente fria.
A região de Concha de Perla é toda de mangue, repleto de iguanas e com alguns leões-marinhos pelo caminho e até tomando sol no deck do ponto de mergulho!
Se quiser ver leões-marinhos em Isabela, vá até a praia do Porto, lá eles ficam tomando sol ou dormindo na areia.
Já bem perto da praça da cidade tem uma lagoa onde é possível avistar flamingos, Laguna de los Flamingos. Quando fomos, foi possível avistar um bando deles pescando e caminhando pelas águas.
Parque Nacional de Galápagos
O principal passeio em Isabela, na nossa opinião, é alugar uma bike e ir até o Parque Nacional de Galápagos. Foi o que fizemos no dia seguinte. A bike saiu US$ 10,00 pelo dia todo, pra cada!
A expectativa para esse dia estava bem alta, pois havia a possibilidade de ver tartarugas-gigantes livres pelo caminho! São 10 quilômetros ida e volta, sendo o final da trilha o Muro das Lamentações, ruínas de uma construção antiga.
Pelo caminho, passamos por praias lindas, mirantes e lagoas. Os principais foram os mirantes dos vulcões, com uma escada para subir o morro e ter uma vista geral da ilha e o caminho das tartarugas, local onde elas costumas ficar.
Tivemos a imensa sorte de poder ver por duas vezes a tartaruga…na primeira, a Dani ouviu um barulho e fomos verificar. Vimos duas delas andando por uma área alagada…lindo demais!
Depois, na beira da trilha tinha uma descansando numa sombra…essa pudemos ver de perto mesmo…momento muito emocionante pra mim! Ela não se moveu e nem se importou com nossa presença…chegou até a dormir! Após um bom tempo admirando, deixamos ela descansar (mais)!
Atobás de pés azuis
Outro ponto incrível da trilha foi uma espécie de santuário de atobás-de-pés-azuis, chamado de Playa del Amor. Eram dezenas de atobás nas rochas, perto da praia. Ficamos abobados de poder vê-los tão pertinho, com suas lindas patas. Dali era possível vê-los pescando nas águas também, com seus mergulhos velozes.
Escolhemos a “La Playta” para nosso pique-nique e para relaxar. É uma praia pequena e espetacular, com poucas pessoas mas com muitas iguanas-marinhas e atobás-de-pés-azuis. Vimos até um leão-marinho nadando.
Fomos também no Centro de Criação de Tartarugas Gigantes de Isabela. No mesmo formato do de Santa Cruz, é possível observar tartarugas de todas as idades e observar as etapas de criação, desde os ovos até a fase adulta.
Para acabar o dia, fomos ver o pôr do sol num bar da praia “urbana”. A praia fica relativamente cheia nesse horário, bem como os bares com as melhores vistas!! O happy hour por lá oferece 2 drinks ou 3 cervejas por US$ 10,00.
Ficamos por 3 noites em Isabela e achamos o suficiente, considerando que a grande maioria dos turistas não fica hospedado por lá, fazem apenas um bate e volta de Santa Cruz!
Tanto em Santa Cruz como em Isabela, fizemos tudo por conta própria, principalmente porque a ideia era ver a vida selvagem, mas caso se interesse, existem passeios partindo de Isabella também, que são trekking no Vulcão Sierra Negra e o tour de Los Tuneles.
Isla San Cristóbal
Pra chegar até San Cristóbal existem duas opções: voar de Guayaquil direto para o Aeroporto de San Cristóbal ou pegar um ferry que sai apenas de Santa Cruz, direto.
Como já estávamos no Arquipélago, fomos de ferry, saindo de Santa Cruz. O ferry sai super cedo também e chega de manhã em Puerto Baquerizo Moreno, capital de todo arquipélago.
Logo no primeiro dia, aproveitamos para fazer o circuito do Morro Tijeretas, com um total de 5 quilômetros de caminhada.
O caminho inicia num Centro de Visitantes do Parque Nacional de Galápagos, com banheiro, exposições sobre a ilha e os animais que lá vivem.
Todo o circuito é feito a pé, por uma trilha de pedras passando por mirantes com um visual incrível do mar, estátua de Charles Darwin e o primeiro ponto alto: o deck da Baia do Naufrágio.
Nadando com leões-marinhos
Nesse deck, situado em uma baía de mar sensacionalmente lindo e repleto de leões-marinhos, é possível fazer snorkeling e nadar com tartarugas-marinhas e com os leões-marinhos também! O ideal é não ficar perseguindo os leões…se eles quiserem, eles chegarão bem perto.
Eu tive esse privilégio nesse dia! Um deles ficou nadando próximo a mim e com a incrível visibilidade dá pra ter uma das melhores experiências da vida!! Que dia!
Ainda no circuito fica a praia de Punta Carola…um dos refúgios dos leões-marinhos…eles ficam em bandos por lá, nadando, tomando sol, brincando! A praia em si também é linda, com um farol em sua ponta direita! Ali ficamos por um bom tempo, admirando aquele lugar único no mundo!
Ainda fomos até a famosa La Loberia, uma praia distante 3 quilômetros do centrinho da vila e que costuma ter muitos leões por lá…até tinha bastante, mas nas outras praias tinha mais…de qualquer forma, valeu a pena conhecer pois ela é bem rústica (todas são).
No dia seguinte, fechamos um tour para conhecer um dos símbolos de San Cristóbal, a “Kicker Rock” ou Leão Dormido. É uma formação rochosa no meio do mar com 140 metros de altura, imponente demais e perfeita para mergulho.
Como o passeio dura todo o dia, ainda passa na Isla Lobos, santuário de atobás-de-pés-azuis e fragatas, além de ser muito procurada pelos leões-marinhos.
Outra parada, e o ponto auge para a Dani, era a Playa Cerro Brujo, uma das praias mais incríveis que já estivemos. Totalmente deserta, com um mar cor turquesa, visitada por pouquíssimas pessoas por semana visando conservação e também um santuário da vida selvagem como um todo!
Kicker Rock
Depois sim, a parada é na Kicker Rock para o pessoal mergulhar e fazer snorkeling. Eu fiz apnéia apenas mas já foi sensacional….são duas paradas em pontos da rocha para podermos desfrutar a vida marinha! Foi possível observar diversas tartarugas-marinhas, tubarões-branco bem lá no fundo e mais uma vez o prazer de nadar com um curioso leão-marinho!
No final do dia, o centrinho costuma ficar mais movimentado, pelo pôr do sol e pelos turistas voltando dos tours. Pela noite, os restaurantes do calçadão ficam abertos e tem boas opções para comer.
Nosso último dia no paraíso tiramos para dar mais uma volta no calçadão do centrinho e escolhemos uma bela cafeteria para nosso café da manhã. Para finalizar, voltamos na Playa Mann para descansar na sombra e observar os muitos leões-marinhos que ficam por lá.
Essa é a única praia com uma certa estrutura, contando com 3 quiosques de comida e sucos, além de alguns hotéis bem perto da orla. Não precisava ter essa estrutura, mas…enfim!
Ficamos 3 dias em San Cristóbal e achamos a ilha com as paisagens mais incríveis, além de ser a ilha com mais leões-marinhos que visitamos! Eram muitos mesmo!
Fizemos apenas o passeio da Kicker Rock, também conhecido como León Dormido, mas existem outros tours, caso se interesse, que são: Isla Española e Tour 360.
Na verdade, eu esperava muito de Galápagos…mas o que vivemos por lá superou e muito minhas expectativas! É o verdadeiro destino dos sonhos para os amantes da natureza!
Esse texto foi escrito por Samuel Cavalcanti, meu marido, fotógrafo e editor do Blog Prefiro Mochilar.
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